Lira de um anjo

 

Dou ao leitor o currículo, verdadeira lira dos anjos (de Álvares de Azevedo), do deputado Arthur Lira, inventor do Orçamento Público Secreto, pelo qual, provavelmente, bilhões de reais arrecadados diretamente do bolso dos contribuintes, foram gastos, ninguém sabe em quê, onde, por quem e em qual quantidade. Ele fez carreira na política alagoana e na nacional, chegando a presidente de uma das Casas do Congresso, a Câmara dos Deputados, por ele presidida atualmente.

Passeou pela maioria dos partidos políticos de orientações ideológicas que se estendem por todo o espectro ideológico, da esquerda à direita, prova da baderna do vigente sistema político nacional. Elegeu-se a todos os cargos do Legislativo brasileiro, nas esferas municipal (vereador), estadual (deputado estadual) e federal (deputado federal), com exceção do de senador da República.

Foi líder do Partido Progressista na Câmara de 2012 a 2013 e considerado um dos principais aliados de Eduardo Cunha. Depois foi indicado por este, em fevereiro de 2015, à presidência da Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes do Parlamento. Mesmo após ser afastado do mandato de deputado, Cunha o indicou para presidir a Comissão de Orçamento da Câmara, uma das mais poderosas do Congresso em maio de 2016.

Lira foi relator de uma consulta do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, sobre o rito de cassação de parlamentares, numa tentativa fracassada de salvar o mandato de Eduardo Cunha. Em 2021, candidatou-se à presidência da Câmara dos Deputados, com o apoio do presidente da república Jair Bolsonaro e derrotou Baleia Rossi. Seu primeiro ato foi a anulação da inscrição a vagas na Mesa Diretora da Câmara, do bloco de partidos que apoiou Baleia Rossi, abrindo caminho á hegemonia de seu próprio grupo.

Durante esse mandato, Lira recebeu mais de 140 pedidos de impeachment do então presidente Jair Bolsonaro, mas não levou nenhum deles a votação. Foi um dos principais aliados de Bolsonaro e participou de sua campanha. Durante o mandato do hoje ex-presidente, proibido de candidatar-se até a próxima eleição presidencial, criou o "orçamento secreto" , que facilitou o uso de recursos públicos por parlamentares, sem transparência alguma. Segundo a senadora Simone Tebet, esse orçamento seria “o maior esquema de corrupção do planeta”.

Em 16/12/ 2011, o juiz Helestron Costa, da 17ª Vara da Fazenda Pública de Maceió, determinou o afastamento de Arthur Lira de cargos públicos e decretou o bloqueio de seus bens. O Tribunal de Justiça e Alagoas, no entanto, decidiu suspender a decisão, após recursos impetrados pela defesa do parlamentar. Ele foi, também, condenado pela 17ª Vara Cível de Maceió em uma ação civil de improbidade administrativa . Arthur teria manipulado a folha de pagamento, fazendo descontos indevidos de cheques da Assembleia.

Em 2008 ele havia sido preso por obstrução e justiça. Estava na ocasião afastado de suas funções na Assembleia Legislativa, desde 17 de março, acusado de participar de fraude que desviou R$ 280 milhões do Legislativo, além de ter tido seus bens bloqueados.

Em 2016, o jornalista  Chico de Gois, do jornal O Globo, lançou um livro chamado “Os Ben$ que os Políticos Fazem”, que atinge diretamente Arthur Lira e seu pai Benedito de Lira. O livro expõe o enriquecimento de três filhos jovens de políticos que têm uma fortuna maior do que a de seus pais, há anos na política. No livro, ele é classificado como um político “sem limites para usurpar dinheiro público”, mas conseguiu se eleger deputado federal em 2010.

Em setembro de 2015, Lira foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal  por envolvimento no esquema de corrupção na, investigado pela Operação Lava Jato.

Em fevereiro de 2016, o STF determinou o sequestro de seus bens. O pedido foi feito pela Polícia Federal e endossado pelo Ministério Público Federal. O deputado teve seus bens sequestrados até a quantia de R$ 2,6 milhões. O sequestro dos bens do deputado é maior do que o de seu pai porque as investigações apontaram que ele teria pedido, em 2011, R$ 1 milhão ao empreiteiro Ricardo Pessoa.

Em 2009, Lira teve sua Carteira Nacional e Habilitação apreendida durante uma blitz no centro de Maceió recebendo uma multa no valor de R$ 50. A carteira do deputado estava vencida desde outubro do ano anterior O veículo só foi liberado após dele nomear uma pessoa habilitada para dirigi-lo.

A ex-mulher de Lira o acusa de estupro, agressão e ameaça de morte. “Me esganava e perguntava: Tá, vadia?” A Justiça de Alagoas o inocentou das acusações.

Essa é a qualidade moral do homem que, hoje, exigiu recentemente de Lula a demissão de um ministro do governo: Alexandre Padilha. Eterno mandão de Alagoas, Lira disputa com Renan Calheiros a hegemonia na política em Alagoas. Depois do orçamento secreto, nem mesmo a exigência imoral feita até poucas semanas atrás, se atendida, seria capaz de contê-lo na pretensão de tornar-se déspota ignorante do Brasil.

Todos as informações mencionadas neste texto podem ser conferidas na Wikipedia, no verbete, do qual fiz aqui um pequeno resumo, sobre Arthur Lira.

 

 

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