Perde e ganha

Jornal O Estado do Maranhão

           A vitória de Temer contra a denúncia do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mostra sua habilidade e força políticas (não à toa, ele foi presidente da Câmara três vezes), fecha uma fase exitosa de seu governo até o momento e abre outra de extrema importância para a vida nacional, quando uma reforma da previdência poderá ser feita, com o fim de evitar o colapso da previdência social.
           Mas não procure nos grandes portais noticiosos qualquer avaliação positiva sobre o presidente, quando se fala a respeito da votação da quarta-feira passada. Ao contrário, há nesses saites avaliações de apresentadores e colunistas, que são quase unânimes em proclamar o enfraquecimento do presidente. Se ele ganhou no voto e se enfraqueceu, então, é conclusão lógica, deveria ter trabalhado para perder. Aí, sim, sairia fortalecido.
          Percebeu, caro leitor? Ganhar com a meta de perder e, logo, perder com a de ganhar. Isso não é um pouco confuso? Não lembra uma ex-presidente de um certo país sul-americano? Como foi mesmo o raciocínio? “Não acho que quem ganhar, ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”. Deve ter saído dessa mente o desenho do maior desastre econômico sofrido pelo Brasil em “quinhentos anos de história”, como gostam de dizer os esquerdistas.
          O juro básico da economia no período da ex-presidente chegou a 14,25% em julho de 2015; agora está a 7,5%, a metade. Chegou a esse patamar, o menor desde abril de 2013, com o nono corte consecutivo da taxa. Desse modo, os juros da nossa dívida pública deste ano diminuirão em cerca de R$ 100 bilhões. O desemprego está em queda, os salários começam a se recuperar, o câmbio se estabilizou, as contas externas apresentam excelentes resultado e seguem em uma trajetória de ajuste, e a inflação anualizada está em 2,5%, menos da metade daquela do último mês da administração da ex-presidente.
          Você, leitor, prefere o quê? A situação anterior de juros, altos, inflação alta, desemprego alto e câmbio alto, ou a atual?
          Voltemos à quarta-feira. Viu-se na Câmara um desfile de querubins, a julgar pela indignação com a corrupção de parte de alguns deputados de oposição. Os do PT, partido com quase todos os seus dirigentes na cadeia, ou quase lá, eram os mais veementes. Um deputado de outro partido, muito próximo, porém, dos petralhas – não digo de qual Estado ele é – chegou perto de uma crise respiratória, tal o esforço com que dava provas de intolerância com os corruptos, emitindo centenas de decibéis. A Justiça, por sua vez, discorda das virtudes do parlamentar.
          O mais edificante, no entanto, foi ver o PT acusando Temer, o vice-presidente decorativo, de ser, depois de pouco mais de um ano de governo, responsável pela desastrosa recessão da economia brasileira, pelos inigualáveis níveis de desemprego e pela forte elevação da inflação, mazelas produzidas em 14 anos de governo petralha.
          – É a nossa natureza, seus filiados diriam.
          Eu já decidi. Vou me candidatar a senador. Não vimos que quem ganha perde e vice-versa? Pois bem, hoje inicio minha campanha, pedindo a todos esquecerem minha candidatura. Peço encarecidamente, não votem em mim. Só assim poderei me eleger.
          Eternamente grato, Lino.

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