Novos rumos?
Jornal O Estado do Maranhão
Ano Novo, problemas velhos, mas soluções novas. Esperem aí, essas – alguém dirá –, a exemplo da PEC de contenção de gastos públicos, não são novas – e fá-lo-á bem em dizer, com licença mesoclítica do presidente Temer –, pois passam por novidade, esqueci de dizer, apenas quando analisadas na perspectiva dos últimos 14 anos, em vista da onipresença de teorias econômicas de vodu, ou que lembravam sacadas geniais originadas em deuses da floresta, prevalecentes na condução de nossas políticas econômicas, levando-nos ao buraco em que nos encontramos. Estas políticas sempre produziram, pelo mundo afora, com esse mesmo veneno vodúlico, envenenamento de várias economias, igual ao de agora.
A PEC parece nova apenas porque há tanto tempo o bom senso deixou de ser utilizado pelos nossos dirigentes, que ela parece recém-nascida. No entanto, qualquer um com entendimento mínimo de princípios elementares de economia vê logo serem elas as únicas a funcionarem por toda parte, com mais ou menos eficiência, dependendo dos arranjos institucionais, inclusive na política, capazes, ou não, de limitarem a aplicação delas.
E o Maranhão, como irá crescer? Bom, primeiro é preciso conhecer a maneira do governo estadual ver nossa economia. Se fosse possível ter essa informação, um cenário econômico para o Ano Novo seria de mais fácil elaboração. Agora, tente conhecer o pensamento de um secretário de Estado, ou do próprio governador, sobre o assunto. Nenhum lhe dirá nada, pelo corriqueiro motivo de não haver visão alguma nas chamadas altas esferas governamentais. Uma visão de qualquer tipo, todavia explícita, é indispensável, tanto como orientação ao próprio governo, quanto como base de avaliações pela sociedade das ideias do PC do B sobre economia. A não ser assim, se não houver um rumo conhecido a unificar a execução de programas governamentais, qualquer discurso de mudança, será vazio, como tem sido.
Com o fim de estabelecer tal rumo, devemos visualizar a economia de cada Estado, em sua relação com os demais, como se fosse a de um país pequeno, sem controle, em seu próprio território, sobre taxa de juros, taxa de câmbio e salários, os chamados preços básicos da economia, por afetarem a oferta e a demanda de todos os produtos. Em circunstância assim, as ferramentas de política econômica reduzem-se a perto de zero na esfera estadual, nesta restando poucas alternativas, sendo a elevação da produtividade dos fatores de produção (terra, capital, trabalho e recursos naturais) a única maneira de concorrer no mercado “externo” formado pelos outros Estados em conjunto. Então, como elevá-la? Há diversas maneiras, como programas de melhoria de qualidade do sistema educacional, investimentos consistentes em ciência, tecnologias, novos processos produtivos, infraestrutura de transportes, etc., tendentes a elevar a produtividade e, portanto, o poder de enfrentar concorrentes fora do Maranhão e, igualmente, aqui dentro, já que não podemos impor barreiras alfandegárias. Mas nada disso se vê. Tiros são dados em todas as direções, e não se atinge um reles rato rápido em roer o resto do rango de nossa economia. Resumidamente, se não elevarmos nossa produtividade, não sairemos do lugar.
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