Tintim por tintim

O Estado do Maranhão

           O leitor já deve ter observado um dos meus temas recorrentes nesta página: a relação, no mercado de produtos e serviços, entre cliente e consumidor. Este, quase sempre, se vê diante de situações de desrespeito a seus direitos. Anteriormente, fiz aqui comentários sobre o papel dos Procons, em sua missão teórica de proteger a parte mais fraca, justamente o consumidor. Observei, então, que esses órgãos, em especial o do Maranhão, deveriam se preocupar, em vez de vestir a carapuça de antigo órgão de controle de preços, a SUNAB – Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços, nome pomposo, a designar função inútil, e órgão extinto há muito tempo, em proteger exclusivamente o consumidor do não raro poder monopolista ou oligopolista de grandes empresas, esquivando-se por completo de controle de preços. A elevação destes só deve, em princípio, constituir preocupação se resultar de poder de mercado delas. Mas, a medida correta, neste caso, não é controle de preços. Em vez disso, ações de combate à concentração e de estímulo ao estabelecimento de mercados competitivos é a melhor solução. Se esses aumentos resultarem de processos inflacionários, controles são, ainda, menos justificados, tratando-se de problema a ser resolvido macroeconomicamente.
           Faço essas considerações como exemplo, nessa área, de minha experiência, que é, creio, representativa da maneira como as telefônicas tratam seus clientes: a pontapés, ou melhor, a socos, rasteiras, navalhadas e pontapés. Falo da famigerada TIM, com a qual já tive péssima experiência, em 2006, quando escrevi crônica com o título “Tim, sem tintim”.
           Eu havia tentado cancelar uma linha por telefone, sem conseguir. Fui a uma loja. Lá, inacreditavelmente, exigiram um pedido de cancelamento em forma de manuscrito no velho papel almaço. Isso mesmo, na munheca. Impresso por computador não seria aceito. Parece história da carochinha, mas não é. Uma empresa de alta tecnologia, rejeitando moderna tecnologia! Deve ser por isso que ela parece não ir bem das pernas. Em reação à crônica, um alto dirigente da telefônica me ligou, pedindo desculpas e garantindo que a TIM estava investindo na melhoria dos serviços. Era mentira, como percebo agora.
          Eu tinha, desde aquela época outro chip dela. Agora, após esse tempo todo, a TIM, sem me avisar, sem me dar qualquer satisfação, sem nenhuma consideração, como se um cliente de dez anos não contasse nada, deu meu número a outra pessoa, sob a alegação de eu ter passado mais de três meses sem usá-lo. O número está espalhado, em meu nome, por dezenas de sítios onde tenho cadastro, na internet. Posso, desse modo, já ter sofrido prejuízos, sem saber, em consequência dessa ilegalidade, por impossibilidade de comunicação daqueles sítios comigo. Tomarei providências legais, como já fiz com sucesso em circunstâncias semelhantes.
          Falo deste assunto para alertar outros consumidores que, potencialmente, estão sujeitos a agressões como essa. Cuidado com a TIM, caro leitor. Não se deixe enrolar. Ela pode lhe tomar o número sem se dar o trabalho de lhe dar satisfação alguma. Na televisão, no entanto, o cliente vai ao Paraíso. Eu quero viver no mundo de mentirinha da TIM, onde tudo é perfeito.

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