Nossa moral e a deles
Jornal O Estado do Maranhão
O ex-ministro Guido Mantega e sua esposa, Eliane, foram recentemente hostilizados na lanchonete do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Algumas pessoas sugeriram ao casal tratar-se no SUS ou mudar-se para Cuba, além de gritarem impropérios aqui impublicáveis. Ao agirem dessa forma, os agressores se igualaram àquele assalariado pelo PT, que perseguia por toda parte o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, apenas porque este tomara decisões contrárias aos interesses escusos do partido no julgamento do Mensalão.
As regras de convivência das sociedades civilizadas, ou das pretendentes a sê-lo, rejeitam atitudes como essa, que igualam os autores da agressão não apenas ao celerado petista desejoso de criar constrangimentos a Barbosa, mas os igualam, principalmente, à costumeira amoralidade petista, segundo a qual todos os meios são válidos se for para o bem do PT. Justificar a agressão a Guido é adotar o lema petista: “Nós agredimos, mas os petralhas também agridem”. É equiparar-se moralmente ao petismo, o que não é boa coisa.
Querem ver uma coisa? Lula, depois de iniciar, em seu governo, a destruição da Petrobrás, entregando-a a uma quadrilha de companheiros, achou de fazer há poucos dias “um ato em defesa” dela, cinicamente, após a descoberta da ladroagem na empresa. Macaqueando o comportamento do regime venezuelano, levou ao tal encontro – feito não na praça, onde o povo poderia participar e vocalizar sua insatisfação com o roubo como método de se manter no poder, mas, sim, no conforto de ares condicionados –, uma tropa de choque de tipo diferente daquele usado pelo governo, quando a oposição consegue instalar CPIs e o governo tem interesse em nada apurar-se. Esta é a tropa de choque da imoralidade. Lula levou uma tropa de choque físico, como as SS de Hitler, composta de gente jovem, forte e truculenta, que partiu contra adversários que protestavam contra o desmantelo da Petrobrás. O fim é “mostrar a esses direitistas quem manda nesse país”. Tanto é assim, que Lula disse: “[...] mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele nas ruas”.
O que ele chama de exército é um bando de invasores sem respeito algum às leis, mas com muito ódio à democracia, acostumados a sugar cada pingo do leite que jorra das tetas estatais. E o caudilho referido pelo Apedeuta é Pedro Stédile, trotskista obsoleto, porém perigoso, capo do MST. Ele invade propriedades produtiva, destrói laboratórios de pesquisa e disse que suas tropas estão prontas a defender Dilma, no caso de impedimento da presidente, como se impedir presidentes não fosse mecanismo democrático previsto na constituição do Brasil e, por sinal, já aplicado contra Collor, quando o PT era o mais entusiasmado defensor de sua aplicação. Virou golpe agora?
Comportamento dessa natureza não haverá nas manifestações de 15 de março a favor do impeachment de Dilma Roussef. Os cidadãos de bem, os inconformados em carregar nas costas uma das cargas tributárias mais altas do mundo, somente para ver seu dinheiro escorrer pelo ralo da corrupção, irão às ruas pacificamente. Não se deixarão intimidar pela violência dos tontons macoutes de Lula, como não cairão na tentação, eles mesmos, de lançar mão (ou pé) da mesma violência dos lulistas, a não ser com o fim de defender-se. Deixemos conduta como essa com o petismo.
E já que falei de trotskismo me vem à mente o livro “Moral e Revolução”, de Trotsky, que contém um texto chamado “Nossa Moral e a Deles”, em que ele justifica os crimes das vanguardas revolucionárias porque elas seriam a encarnação do futuro risonho da classe trabalhadora. Coincidência com o pensamento petista não é mera coincidência.
Vamos inverter os termos da proposição trotskista. Nossa moral – a moral daqueles que não justificam a violência, o assassinato de prefeitos, o roubo, a violência, a perseguição aos adversários, os petrolões – é diferente da deles, mestres na arte de justificar toda espécie de crimes. Temos orgulho de que seja assim.
E vamos à manifestação pelo impeachment.
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