Os olhos da cara


Jornal O Estado do Maranhão

          O governo do PT levou a economia brasileira a uma situação de crise em que qualquer solução do problema custará, inevitavelmente, os olhos da cara dos brasileiros. A inflação é alta, o desemprego cresce, a recessão persiste. Todos esses males podem ser traduzidos como perda de renda das famílias. O estado de nossa economia hoje não permite o vislumbre de uma saída indolor – qualquer uma –, do buraco, pois o preço a pagar pela incompetência, reforçada pela ideologice esquerdista barata, é muito alto e pago pelas pessoas comuns. Estas gostariam de continuar, porém mal conseguem, com sua vida decente, criando seus filhos, produzindo sem sentir o bafo do Estado no seu pescoço, sem ver diariamente nos meios de comunicação notícias sobre bilhões e bilhões roubados das empresas estatais e dos cofres públicos – como se estivéssemos falando de roubo de galinha de quintal, como nos velhos tempos –, recursos, afinal, arrancados dos nossos bolsos, num país com uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo.
          A visão de que “um pouco de inflação não faz mal” já produziu e, pelo visto, continuará a produzir, desastres econômicos em série. Ideias sobre suposta desconexão entre, de um lado, gastos públicos descontrolados, persistentemente acima das receitas, e, de outro, inflação levaram, em todos os países onde postas em prática, a processos inflacionários, conducentes, no fim, à desorganização da produção, desabastecimento e convulsões sociais, com as más consequências de todos conhecidas, golpes de Estado, em suma, ao caos socioeconômico. Peço, encarecidamente aos leitores a indicação de apenas uma economia de mercado em que as chamadas políticas econômicas heterodoxas tenham, como essas do PT, dado resultado. Ou melhor, resultados deram. Foram, todavia, maus resultados, resultados calamitosos. Marx dizia que a realidade muda as ideias e não o contrário, falando a respeito do materialismo dialético, embora não se saiba como poderia existir uma dialética da matéria. Seja como for, se esqueceu de nossos esquerdistas, para quem, não importa qual seja a realidade, basta apenas acreditar em “boas” ideias, “ideias libertadoras”, ter fé religiosa nelas, a fim de que a realidade mude. É o que chamo de economia de vodu. Acredite e tudo de bom (ou de ruim) acontecerá.
          No caso do Brasil, essas políticas criaram feia realidade, perceptível, até, por Dilma Roussef. Acertadamente, mas a contragosto, sem convicção profunda, sem acreditar em suas próprias receitas do momento, mas pressionada pelas circunstâncias, resolveu fazer um ajuste econômico, cortando gastos e aumentando receitas. Como tinha prometido o paraíso a seus eleitores na campanha pela reeleição, justamente o contrário do que tenta fazer agora, a popularidade dela “deu uma queda, foi ao chão”, como Teresinha de Jesus, da cantiga de roda. Gente de seu próprio partido, o PT, comandada por Lula, reclamou, pediu a ela que revertesse as medidas já tomadas, de corte de despesas. Ora, atender tal demanda equivale a voltar às políticas fracassadas. Dito de outra maneira, é aprofundar os males da economia, com custo maior, ainda, do que o custo de fazer o ajuste, Mas, Lula e sua turma estão preocupados com outra coisa: a possibilidade, ou não, de ele se candidatar, a presidente em 2018. Associado às medidas impopulares, mas necessárias, de Dilma, sua candidatura some. Por isso, o pedido dele de mais do mesmo.
          Resumindo, se mantiverem as medidas corretas, a um preço alto, porque vêm tarde, Dilma e o PT ficam mais impopulares (já não falo da roubalheira), mas resolvem o problema, com choro e ranger de dentes no caminho. Se volta à antiga política, exigência eleitoreira de Lula, aprofunda a crise e, com ela, de imediato, os custos, para o país, de solucioná-la, pela confusão econômica a ser criada. Mais adiante, quando a realidade se impuser novamente, resolvê-la custará muito mais. Eis porque eu disse no início que qualquer solução do problema custará os olhos da cara. Caro, tudo é, numa economia inflacionária.

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