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Mostrando postagens de novembro, 2014

De quem, a conta

          Passados brevíssimos três dias da eleição presidencial, o Banco Central, a mando de Dilma Rousseff, notória inimiga da autonomia do órgão, sentimento alardeado por ela durante a campanha eleitoral, elevou a taxa básica de juros da economia brasileira a 11,25%. Todos sabiam que, cedo ou tarde, medidas de contenção da inflação, entre elas essa de agora, teriam de ser tomadas, na hipótese benigna, claro, de estar na cogitação dos companheiros o combate “diuturno e noturno à inflação”, como certamente diria Dilma em dilmês, essa língua tão pitoresca, da família do búlgaro antigo. Todavia, ninguém contava com tanta pressa. Faltou um pouco de pudor, considerado o discurso aterrorizante de campanha contra, justamente, a elevação.           Em verdade, eu sempre pensei que seria Aécio Neves, caso eleito, o executor dessa política “neoliberal” e não o “partido do povo”, não o PT, na medida da representatividade efetiva da presidente das...

Programa de pesquisa

Jornal O Estado do Maranhão           A revolução modernista de 1922 chegou ao Maranhão somente em 1946, com Bandeira Tribuzi, de volta de Portugal, para onde fora com o fim de estudar em Coimbra, e de Lucy Teixeira, vinda de Minas Gerais, onde conviveu com grandes nomes da literatura mineira e da nacional. Veio dela o primeiro e mais forte incentivo à minha experiência de escrever crônicas e, depois, com a seleção de algumas delas, publicá-las no livro Pedaços da eternidade, que, imagino, teve boa acolhida do público. Ela e Tribuzi, com quem eu, um jovem economista recém-formado, trabalhei no extinto Banco de Desenvolvimento do Maranhão – BDM, difundiram a partir daquela época o Modernismo entre nós.           O acadêmico José Sarney, por ocasião da sessão magna comemorativa do centenário da Academia Maranhense de Letras – AML em 2008, quando eu presidia a instituição, sobre Lucy, afirmou que “tinha flores nas palavras”. Antes, ao r...

Projeto ilegítimo

Jornal O Estado do Maranhão           Candidatos a postos do Executivo são eleitos, em parte, pelas ideias apresentadas na campanha. Os eleitores as avaliam com as informações que possuem e tomam decisões acertadas do ponto de vista de seus interesses. Na eleição recém-encerrada, para presidente da República, um dos temas debatidos com franca radicalização foi o do controle (ou descontrole) da inflação e do papel do Banco Central na preservação do valor da moeda nacional. A presidente Dilma afirmou, com base em teoria e dados empíricos antes desconhecidos, pois vindos de Marte, que a fim de se chegar à taxa de inflação de 3% seria necessária taxa de desemprego de 15%. Sua mensagem era óbvia: ela não elevaria os juros com o objetivo de reduzir a inflação, porque tal medida faria crescer o desemprego demasiadamente. Que nos conformássemos com inflação alta e crescente. Três dias depois da eleição, ela mandou o Banco Central (lembre-se, leitor, ela não gosta de B...