Relatório do MPMA aponta irregularidades em delegacias de polícia de São Luís
Site do Jornal Pequeno
14 de
fevereiro de 2013 às 15:09
O promotor
de justiça José Cláudio Almada Lima Cabral Marques, da 1º Promotoria do
Controle Externo da Atividade Policial, entregou para a procuradora-geral de
justiça, Regina Lúcia Almeida Rocha, um relatório contendo o diagnóstico do
trabalho das Delegacias de Polícia de São Luís, incluindo inquéritos que estão
inconclusos. O relatório indica que 631 inquéritos policiais, dos anos de 2010,
2011 e 2012, de 18 delegacias distritais da capital, não foram concluídos. A
maioria deles, 335, são relativos à prática de homicídio, seguidos de furto, 94,
e de roubo, 80.
O levantamento foi realizado no período de agosto
de 2012 a fevereiro de 2013. Ao todo, foram vistoriadas 29 delegacias,
incluindo distritais e especializadas. O referido relatório será encaminhado ao
Centro de Apoio Operacional do Controle Externo da Atividade Policial e à
Secretaria de Estado de Segurança Pública.
Relatório foi apresentado à procuradora-geral de
justiça
Segundo José Cláudio Cabral, que coordenou os
trabalhos, quase todas as delegacias da capital apresentam irregularidades, a
exemplo da carência de delegados, policiais, armamentos e viaturas. Faltam
também servidores, principalmente na área administrativa. E mais: o sistema de
informática é subutilizado, porque não é oferecido treinamento adequado para os
funcionários fazerem melhor uso dos recursos.
"O objetivo final deste trabalho é saber
quantos casos de crimes viraram inquéritos policiais e quantos inquéritos se
transformaram em processos judiciais e, por fim, em condenações", explicou
José Cláudio Cabral.
Em melhor situação estão a Delegacia do Consumidor,
localizada no São Francisco, e a Superintendência Estadual de Investigações
Criminais (Seic), no Bairro de Fátima. Ambas funcionam de forma adequada,
segundo o promotor de justiça.
A pior das especializadas, na avaliação do
relatório, é a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA),
localizada na Praça Maria Aragão. Atualmente, a delegacia encontra-se com
déficit no quadro de servidores. O número é insuficiente para atender a grande
quantidade de demandas. O relatório verificou que aproximadamente 379 casos de
violência contra crianças e adolescentes noticiados ao órgão não foram apurados.
A DPCA foi criada após acordo firmado pelo Estado
do Maranhão com a Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o
Maranhão a implementar diversas políticas públicas na área da Infância e
Juventude, em razão do caso dos meninos emasculados.
ROTATIVIDADE
Foi constatado que um dos problemas que ocasionam o
acúmulo de inquéritos sem conclusão é a grande rotatividade de delegados.
"Quando um delegado assume determinado distrito passa a investigar somente
os inquéritos abertos durante sua gestão, esquecendo os iniciados por delegados
anteriores", completou José Cláudio Cabral.
Outra irregularidade verificada é que, por lei,
inquéritos não concluídos no prazo de 30 dias devem ser remetidos à Justiça
para a concessão de novo prazo. No entanto, este procedimento muitas vezes não
é cumprido, ocasionando o arquivamento irregular de inquéritos. José Cláudio
Cabral também aponta que muitos casos não são investigados. "Sendo crime,
o delegado tem por obrigação apurar", afirmou.
CRIMES
Quanto aos tipos de crimes apurados em inquéritos
instaurados nas delegacias distritais, o relatório aponta que estão em maior
número os relativos a homicídio, latrocínio, lesão corporal, furto, roubo,
tráfico de entorpecentes, apropriação indébita, dano, extorsão e porte ilegal de
armas. Já nas delegacias especializadas, a maioria é referente a homicídio,
lesão corporal, ameaça, injúria, estupro, abuso sexual, estelionato, roubo e
poluição sonora.
RECOMENDAÇÃO
À medida que o relatório de cada delegacia era
concluído, o promotor de justiça José Cláudio Cabral expedia Recomendação a
cada delegado responsável para corrigir, no prazo de 60 dias, as
irregularidades encontradas. Em caso de descumprimento, o Ministério Público do
Maranhão ajuizará Ação Civil Pública por ato de improbidade contra cada
delegado.
INTERIOR
A procuradora-geral de justiça, Regina Lúcia de
Almeida Rocha, encaminhou ofício aos promotores de justiça que atuam nas
Comarcas do interior, pedindo que façam um levantamento dos inquéritos
policiais que estão sem conclusão nas delegacias, relativos ao período de 2009
a 2012.
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