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Mostrando postagens de julho, 2012

Lula

         Jornal O Estado do Maranhão           Tão frequente quanto verdadeiro é dizer-se que a perda de lembranças compartilhadas com amigos e parentes queridos que nos precederam no retorno ao nada é sinal de estarmos envelhecendo. Este processo não é apenas ou principalmente físico e carrega esse dano irreparável às referências em comum, à possibilidade de (re)viver, de sentir o sabor especial de ser jovem numa conversa em torno de tudo e de nada, e de recordar aventuras da juventude, sempre tão presentes na memória. Quantas vezes ao rememorar imprecisamente algo vivenciado em companhia dessas pessoas anos atrás tive o impulso de perguntar a um tio, uma tia, ao meu pai ou minha mãe um detalhe esquecido (“como foi mesmo aquela vez que a gente...”), apenas para, no momento seguinte, sentir o vazio criado pela consciência repentina da ausência definitiva deles. Somente eles poderiam me fazer reviv...

(Des)acordos ortográficos: brevíssima história

Jornal O Estado do Maranhão               Do século XIII até meados do século XVI a ortografia do galego-português era predominantemente fonética. Com o aumento dos estudos humanísticos a partir daí bem como do prestígio da etimologia greco-romana das palavras do português, inverteu-se a tendência e a escrita passou a ser, até o início do século XX, etimológica ou pseudoetimológica.            A Academia Brasileira de Letras fez um experimento em 1907 com a simplificação da escrita nas suas publicações, reformulado em 1912 em função da resposta negativa dos usuários. A tentativa não vingou.           A primeira grande reforma foi implantada em 1911 em Portugal, quando o país simplificou a escrita, deixando de priorizar a ortografia pseudoetimológica em favor da escrita fonética. Foi como um retorno aos fundamentos da ortografia da Idade Média,...

Contra a corrente: golpe não houve

Jornal O Estado do Maranhão           Ora, vejam só! Os paladinos da democracia, Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), estão clamando aos céus pelos princípios democráticos, muito bem protegidos em seus próprios países, sob a condição de os opositores não criticarem os governos deles. A imprensa é ameaçada e intimidada todo dia, como sabem os jornais da Argentina, as emissoras de televisão da Venezuela e várias instituições e empresas do Equador e Bolívia. Nisso tudo, esses gigantes da liberdade de imprensa são apoiados pelo Brasil, que nessa história tem sido liderado pela Argentina e Venezuela em vez de liderar a diplomacia sul-americana.             A história é esta. O compromisso democrático dessa turma é tão arraigado que três deles Cristina, Chávez e Rafael retiraram seus embaixadores no Paraguai, por...