Um século de um homem bondoso: a meu pai
Jornal O Estado do Maranhão Mario Vargas Llhosa disse, a respeito de seu pai, na semana passada no debate de abertura da 25ª edição da Feira Internacional de Livro de Guadalajara, no México: “Tinha medo muito medo dele, e a literatura virou uma possibilidade para que eu mantivesse a dignidade.” Menciono a declaração do escritor peruano não com a intenção de fazer um julgamento acerca de seu liame – ou sua ausência –, com o pai, mas de referir-me às infinitas formas de que pais e filhos se utilizam em seus relacionamentos, cada uma produto de uma história pessoal e por isso mesmo única. A minha com o meu pai era de outra natureza. A quarta feira passada marcou os 100 anos de nascimento dele, Carlos Saturnino Moreira, falecido em 1986, filho do comerciante Lino Antônio Moreira. Quando este morreu em 1928 do século passado, vítima de complicações de diabetes, até hoje uma ameaça a seus descendentes, o filho Carlos, da prole o mais velho do sexo masculino, tornou-se o chefe ...