Papai Noel

Jornal O Estado do Maranhão
Definitivamente, o Natal mudou. Pelo menos na maneira das crianças pedirem seus presentes ao popular Bom Velhinho. Nos últimos anos, crescentemente elas estão enviando seus pedidos pela Internet. Mas, para sua decepção, as respostas ainda demoram muito. Mesmo assim, elas insistem. Uma menina irlandesa, por exemplo, disse em uma carta: “Papai Noel, eu acho você a pessoa mais legal da Internet”. Outra explicou o seu drama: “Querido Papai Noel, eu não tenho um endereço de e-mail. Então, estou usando o do meu irmão. Por favor, não deixe nossos presentes misturarem-se".
Os números são pequenos, até agora, comparados com a maneira tradicional de pedir, mas, com o crescimento exponencial da grande rede, não estará longe o dia de as cartas eletrônicas superarem em quantidade as feitas à moda antiga.
Quando essa época chegar, em tempo não muito distante, vai ver algum douto analista das tendências do mundo moderno irá aparecer com a sugestão de aposentadoria para Papai Noel. Eles irão dizer, imagino, que, a fim de adaptar-se aos novos tempos e dar resposta à demanda que irá aumentar rapidamente, essa querida figura será obrigada a usar a própria Internet.
A situação seria a seguinte. Uma equipe de centenas de pessoas, sob a liderança dele, ficaria ali onde ele mora, o Pólo Norte, recebendo as mensagens eletrônicas de crianças do mundo todo. Pela rapidez com que o Velhinho pode ser alcançado por esse meio, as mensagens se acumulariam rapidamente, caso a equipe não usasse a própria Internet nas encomendas destinadas a atender os pedidos. Estes seriam enviados diretamente à casa de cada criança, usando os serviços disponíveis na rede. Papai Noel estaria dispensado da tarefa supostamente cansativa e tediosa. Ele nem precisaria inspecionar a qualidade dos brinquedos. Estaria de certa forma morto a partir daí, até sumir da imaginação de todos. Melhor assim, diriam. Com sua idade incerta, não reclamaria de nada, preferindo aposentar-se mesmo, cansado de estar carregando aqueles sacos imensos durante todos esses anos.
Esse santo, em verdade São Nicolau, chamado Santa Claus nos Estados Unidos, sendo Claus corruptela de Nicolau, abreviado como Santa pelas crianças americanas, foi um bispo de Mira, cidade na atual Turquia, que viveu no século III. Segundo a tradição, com origem na Idade Média, que se espalhou por toda a Europa, inicialmente nos países mais frios e sujeitos à ocorrência de neve, o santo distribuía presentes no dia 6 de dezembro, dias das crianças. Depois, com a consolidação do cristianismo e sua hegemonia religiosa e cultural, o costume foi associado com o nascimento de Jesus.
Pura ilusão aquela desse pessoal que acha ser possível Papai Noel poder aposentar-se. Eles não entendem coisa alguma de Natal, de crianças nem dele, chamado Pai Natal em Portugal. Aliás, na França usa-se Frère Nöel, Pai Natal também. Isso mostra ser a designação usada no Brasil uma mistura de português com francês. Previram também o desaparecimento dele, nos anos trinta do século XX, quando ele ganhou a aparência de uma pessoa gorda e barbuda usando sempre as cores vermelha e branca, que tão bem o identificam, por influência do marketing da Coca-Cola, que tinha, como ainda tem, como imagem para significar o inverno uma figura com aquelas características.
Um Natal sem Papai Noel não seria Natal. Essa figura estará presente para sempre nas comemorações natalinas. Não importam a eletrônica, os computadores, a Internet, a tecnologia e tudo mais. Podem as formas mudar, mas não a essência da fantasia das crianças. A imaginação tem grande parte na felicidade humana, como o mostram os pedidos desses meninos e meninas de todos os lugares. O Velhinho é o símbolo da generosidade possível em todos nós, que jamais desaparecerá. É o contraponto ao egoísmo e aos instintos humanos mais destrutivos, tão bem percebidos por Jesus Cristo. É esse sentimento de compartilhamento que nos permite desejar a todos um Feliz Natal.

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