A Feira do Livro

Jornal O Estado do Maranhão


A Feira começou. Falo da 2ª Feira do Livro de São Luís, que não é, de fato, a segunda, como a de 2007 não foi a primeira, na ordem cronológica de realização de evento cultural desse tipo em nossa cidade, porque outras, bem menores, já foram realizadas, mas nenhuma dúvida há de que, iniciada no ano passado, irá durar por muito tempo, em benefício da cultura maranhense, pois o novo prefeito a assumir a administração de São Luís em janeiro de 2009, em substituição a Tadeu Palácio, que a instituiu por lei, e as seguintes, irá cumprir rigorosamente e com igual brilho e entusiasmo a determinação inscrita na legislação municipal de realizá-la periodicamente. Tendo dela participado no ano passado e acompanhado um pouco mais de perto sua montagem este ano, sob o comando do presidente da Fundação Municipal de Cultura, Edirson Veloso, e a direção heróica da coordenadora geral, Lúcia Nascimento, com dedicação em tempo integral e a um ritmo frenético às tarefas de coordenação da montagem da Feira, enfrentando dificuldades próprias do setor público e inerentes à organização de um evento desse porte, com sua inevitavelmente complexa logística necessária para levar a bom termo a tarefa de fazê-lo acontecer, chego a pensar que a Feira deveria ser feita bienalmente, como as do Rio de Janeiro e de São Paulo, e não anualmente. Seria uma forma de garantir mais tempo a sua preparação e permitir a diluição de custos, sempre crescentes na proporção de seu crescimento e que enfrentam inevitavelmente as limitações do orçamento público ou, a esse respeito, de qualquer orçamento. Como se aprende no primeiro semestre dos cursos de economia, as necessidades humanas são sempre infinitas e os recursos para atendê-las, escassos. Não fora assim, estaríamos em verdade no paraíso, dedicados apenas às coisas do espírito, livres das enfadonhas e banais preocupações materiais da vida cotidiana. Como eu disse no ano passado, “acontecimento como esse não tem por fim a mera venda de livros, embora, evidentemente, a comercialização, ao colocar ao alcance das pessoas publicações que elas não teriam a oportunidade de conhecer sem a Feira, cumpre a importante função de ajudar na formação de novos leitores [...], fundamental no fortalecimento cultural de qualquer sociedade, e gera, ainda, na comercialização, incremento de renda para os agentes econômicos locais, objetivo econômico de que tanto se fala no discurso porém pouco se promove na prática”. É a chamada economia da cultura em ação, funcionando em favor da comunidade. A Feira presta este ano homenagem à Academia Maranhense de Letras, pelo Centenário da Casa de Antônio Lobo, que vem comemorando sua fundação desde o início do ano,com palestras, lançamento de livros e outras atividades. Foi criado lá um espaço especial, onde será montada uma exposição com peças do acervo da Academia, tais como medalhas a ela outorgadas e as que outorgou, livros raros, documentos históricos, como antigas atas e a espada da Academia Brasileira de Letras, pertencente ao acadêmico José Sarney, que também o é da AML,onde é o decano, tendo a ela doado aquele objeto de grande valor simbólico, durante a sessão solene realizada no dia 15 de agosto passado, que marcou a data de fundação da Academia, a 10 de agosto de 1908. O sucesso da Feira mostra a força da cultura local bem como a disposição para ler dos habitantes desta cidade. Isso é evidência de que, em presença de condições adequadas, capazes de dar às pessoas oportunidade de acesso ao livro, a preços moderados, elas não apenas o aceitarão, mas o farão com prazer e entusiasmo, especialmente o público jovem em processo de formação de hábitos de leitura. E jovens não faltarão, pois dezenas de escolas lá estarão presentes. Todos à Feira.

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