Cadernos e Dicionários
Jornal O Estado do Maranhão
Neste ano do Centenário de morte de Machado de Assis, muitas homenagens lhe foram prestadas. Uma delas, a exposição Machado de Assis: cem anos de uma cartografia inacabada, que teve como curador o poeta Marcho Lucchesi. Ele proferiu palestra sobre a Divina Comédia, de Dante, na Academia Maranhense de Letras em junho passado, como parte da programação do Centenário da Casa de Antônio Lobo. A iniciativa da exposição foi da Fundação Biblioteca Nacional.Ela possui diversos documentos do escritor carioca, como cartas, fotografias e artigos de jornal, a serem reunidos num livro, a Machadiana da Biblioteca Nacional, e lançará também uma edição fac-similar dos 19 números do jornal O Espelho, de Francisco Eleutério de Souza, em que Machado contribuiu regularmente, bem como o livro Pareceres do Conservatório Dramático Brasileiro, órgão para o qual Machado redigiu pareceres críticos sobre peças que deveriam ser encenadas. Em compasso com esse trabalho de alta qualidade, duas publicações devem ser mencionadas, tanto pela forma como pelo conteúdo. Uma é a edição especial dos Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles, contendo em volume único dedicado a Machado os números 23 e 24, deste ano. Lá se pode encontrar a cronologia de Machado de Assis, publicada em 1958 na Revista do Livro e elaborada por J. Galante de Sousa, autor da importante Bibliografia de Machado de Assis (1955). À vista das pesquisas posteriores à publicação original do trabalho na Revista, em especial as de Gondin da Fonseca, Jean-Michel Massa e Raimundo Magalhães Júnior, a cronologia foi revisada e atualizada por Hélio Seixas Guimarães, autor do excelente Os leitores de Machado de Assis (2008), dando-nos uma visão atualizada de sua vida. Na seção de ensaios, encontramos conceituados estudiosos, como Alfredo Bosi, John Gledson, Lúcia Granja e o próprio Hélio Guimarães, este com uma avaliação crítica das diversas linhas teóricas desenvolvidas em torno da produção machadiana. Na seção Confluências, Carlos Heitor Cony, Antônio Cândido e Marcelo Coelho. Pode-se ver também um belo ensaio fotográfico sobre o Rio de Janeiro da época de Machado. De interesse para os pesquisadores é o levantamento de obras de Machado e sobre ele.A partir de uma seleção dos itens mais relevantes das bibliografias de Galante de Sousa, Jean-Michel Massa e Ubiratan Machado, o trabalho atualiza até este ano as referências sobre o escritor e chega a listar fontes como revistas e publicações eletrônicas, bem como adaptações para cinema, vídeo, televisão, teatro, dança, rádio, ópera e histórias em quadrinhos, fornecendo, ainda, o endereço dos sítios na internet dedicados a Machado. Publicação indispensável ao pesquisador. A outra publicação é o Dicionário de Machado de Assis, com dois mil verbetes, feito sob a chancela editorial da Academia Brasileira de Letras, e elaborado por Ubiratan Machado, autor da Bibliografia machadiana, 1959-2003 (2005). O prefácio é do presidente da ABL, Cícero Sandroni, que também participou das festividades do Centenário, durante sessão magna em agosto, que assinalou a data de fundação da Academia Maranhense, quando o decano José Sarney, fez uma palestra sobre a história da Casa e seus grandes vultos. Edição de luxo com capa dura e sobrecapa, será daqui por diante permanente fonte de pesquisa. Evidente é a utilidade do livro: em vez de termos de procurar em diversas fontes detalhes biográficos da vida do escritor, teremos agora, numa local apenas, todas as informações, o estado da arte com referência a ele. Não foi incluído no Dicionário, em acertada decisão, o levantamento das personagens das obras de ficção, porque isso foi feito anteriormente por Francisco Pati, no Dicionário de Machado de Assis (1958).
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