A Menina
Jornal O Estado do Maranhão O espanto levou os presentes, em uníssono, a um prolongado Oh!, com ecos no ambiente solene. Expressavam admiração pela bravura da menina. Vejam sua valentia, diziam, vejam. Toda aquela gente – parentes de certo modo estranhos, pois ela não os havia encontrado muitas vezes ainda, amigos dos pais, dos avós, o primo, todo mundo –, não a inibiu. Ela permaneceu altiva, mas simples, como uma rainha da Suécia, só que de cabelos e olhos negros, orgulhosa como anunciou ser desde o dia de seu nascimento apenas dois meses antes. Seriam olhos de ancestrais indígenas ou asiáticos? Cópia dos da mãe, com certeza, elas os movia de um lado a outro e com eles dizia tudo sem pronunciar nada: Não me verão chorar, nem agora nem depois, antes de eu adormecer depois deste ritual. Se estivesse sentada, a plateia se levantaria para aplaudir e pediria bis pelo resto do dia. Mas, de pé desde o início, os presentes bateram palmas de admiração, deram vivas entusiasmad...