Pode, Não Pode
Jornal O Estado do Maranhão Eu passei quase toda minha vida de adulto ouvindo condenações definitivas ao consumo de ovo. Comê-lo era suicidar-se aos poucos ou condenar-se a eternos dramas de consciência. Quem cometesse o pecado teria poucas chances de viver mais de 30 ou 40 anos. Com sorte, chegaria a 50, pois junto com o maldito viria o acúmulo inevitável de colesterol no sangue (do mau colesterol, evidentemente). Daí ao entupimento das artérias, com todas as apavorantes consequências sobre a saúde do corpo e do bolso de quem só podia ser um autodestrutivo, seria um passo. Um ataque de coração não era apenas uma possibilidade. Tratava-se de uma certeza, como a de o fisco cobrar impostos. No meu tempo de criança, no entanto, e depois, já bem crescido, eu comia, com a permissão de minha mãe, ovo diariamente no almoço e no jantar. Pobre ovo! Suportou por tanto tempo a pecha de assassino, embora assassino de sabor inigualável, assassino de quem muita gente não gostaria d...