Sousândrade na Academia


Jornal O Estado do Maranhão

A Academia Maranhense de Letras dará continuidade na próxima quinta-feira, dia 17, à série de palestras comemorativas do seu Centenário. Como nas outras que vem promovendo desde o início do ano, esta será em sua sede, na rua da Paz, às 20 horas. O palestrante será da própria Academia, não vem de fora como os anteriores, todos de excelente nível tanto em estudos históricos, como no caso de Andrea Daher, quanto em literatura, e especificamente em poesia, a exemplo de Marco Lucchesi, só para dar dois exemplos. O expositor será Sebastião Moreira Duarte, que na Academia Maranhense de Letras ocupa a Cadeira No 1, patroneada por Almeida Oliveira, fundada por Barbosa de Godois e ocupada antes por Luís Carvalho e Antenor Bogéa. O acadêmico é estudioso da obra de Sousândrade, sobre quem falará, numa análise comparativa com o poeta romântico inglês George Gordon Byron, o sexto Lord Byron, uma das figuras mais influentes do Romantismo.
Sebastião nasceu no Ceará, estudou na Paraíba e em Pernambuco onde fez o curso secundário nos Aspirantados Salesianos de Recife, Carpina e Jaboatão. Após abandonar a vida religiosa, radicou-se no Maranhão, sendo atualmente professor de universidades particulares e aposentado da Universidade Federal do Maranhão. É mestre em Administração Universitária pela Universidade do Alabama e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade de Illinois. Foi visiting scholar das Universidades de San Diego, na Califórnia, e de Illinois (Urbana-Champaign) além de professor da Universidade de Knoxville.
Sua bibliografia inclui no campo poético Novena de Natal, 1977; Canto essencial, 1979; Calen­dário lúdico , 1998. Na ensaística, O périplo e o porto, 1990; Estu­dos sobre o mosaico, 1992; Épica americana: O Guesa, de Sousândrade e o Canto general, de Pablo Neruda, 1992, livro proveniente de sua tese de doutoramento. Traduziu, ainda, de John Dewey: Meu credo pedagógico, 1980; de Peggy Sharpe: Espelho na rua: a cidade na obra de Eça de Queirós, 1989; de Roberto Malighetti: O Quilombo de Frechal: identidade e trabalho de campo em uma comunidade brasileira de remanescentes de escravos, 2007. Editou, também, com introduções e notas: Padre Mestre Inácio Rolim, do Pe. Heliodoro Pires, 1991; Extrato de gramática grega, do Pe. Inácio de Sousa Rolim, 1993; Noções da história natu­ral, do Pe. Inácio de Sousa Rolim, 1993; Virgílio brasileiro, de Manuel Odorico Men­des, 1995; Traduções de Voltaire (tragédias Mérope e Tancredo), 1999; Viagem ao norte do Brasil, de Ives d’Evreux, 2002 Publicou os livros de crônica Crônicas de Campo Serrano, 1980; Do miolo do sertão, 1988 (2a edição, 1992). Dirigiu as coleções Documentos Sertanejos, para a Editora Estado do Piauí, 1990-1992, e a Coleção Maranhão Sempre, para a Editora Siciliano, 2001-2002, a última com o patrocínio cultural do governo do Estado, quando era governadora Roseana Sarney.
Sousândrade nasceu em Guimarães, em localidade que faz parte na atualidade de Mirinzal, a 9/7/1832 e morreu em São Luís a 21/4/1902. O Guesa, sua obra mais importante, tem como tema a lenda do sacrifício, após longa peregrinação, de um jovem, que, imolado, tornaria possível a continuidade de seu povo. Sousândrade identifica seu destino pessoal com o do jovem índio, vê no drama deste semelhança com o dos povos nativos da América, oprimidos pelos sistema colonial, e defende uma república utópica.
A revalorização da obra de Sousândrade deve-se em grande parte à publicação de inéditos dele por Jomar Moraes e Frederick Williams em 1970. Considerado um poeta extravagante em sua época, disse Sousândrade essas palavras famosas: "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci – decepção de quem escreve 50 anos antes".

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