AMC na AML
Jornal O Estado do Maranhão
Corro a explicar o título. Na próxima terça-feira, dia 17, às 20 horas, a Academia Maranhense de Letras recepcionará em sua sede à rua da Paz a recém-fundada Academia Maranhense de Ciência – AMC, em solenidade de instalação da nova entidade. Com este, a AML realiza o sexto evento comemorativo dos cem anos de sua Fundação.
O leitor perceberá logo a importância do acontecimento e a carga simbólica e emotiva que o envolverá. Uma Academia cuja missão é a preservação da memória cultural maranhense, e que este ano completa cem anos de sua própria fundação, abrigará o nascimento de instituição congênere cujo ideal tem semelhança com o seu, com a única diferença de situar-se no campo científico. No primeiro Centenário da AMC e segundo da AML, no ano de 2108, ainda estará nos anais de ambas que elas estiveram juntas em 17 de junho de 2008, juntos os membros de uma e os fundadores da outra, e que a mais velha acolheu a mais nova nesse dia, desejando-lhe longa e profícua vida, e que suas dependências serviram a partir da semana seguinte à da instalação, como local das primeiras reuniões ordinárias da recém-instalada, passos iniciais de relacionamento que se estenderá por infindáveis décadas, pode-se prever.
A AMC foi criada nos moldes e sob a orientação da Academia Brasileira de Ciências, esta fundada a 3 de maio de 1916 no Rio de Janeiro, com seções especializadas, hoje em número de dez: Ciências Matemáticas, Ciências Físicas, Ciências Químicas, Ciências Biológicas, Ciências Biomédicas, Ciências da Saúde, Ciências da Terra, Ciências Agrárias, Ciências da Engenharia e Ciências Humanas.
A ABC, que mantém convênios com afamados centros de pesquisa de diversos países, a exemplo do Japão, França, Grã Bretanha (com a The Royal Society of London), República Tcheca e Índia, e com entidades internacionais como a Unesco, tem publicado desde sua fundação, e de forma ininterrupta desde 1929, os prestigiosos Anais da ABC, sendo essa a mais antiga revista científica brasileira. Em 1926, Einstein, já famoso pela Teoria da Relatividade Geral (1915) e ganhador do Prêmio Nobel de Física (1921), pela correta explicação do efeito fotoelétrico, nela publicou um artigo sobre a teoria da luz. Os Anais dedicam-se à divulgação de resultados de pesquisas científicas, não apenas de seus membros, nos ramos cobertos pelas diversas seções da Academia, que também tem publicações avulsas.
A AMC, que tem congêneres estaduais tão-só nos Estados do Rio de Janeiro e em São Paulo, seguirá o modelo da ABC. Segundo a comissão organizadora, ela terá uma revista científica de publicação periódica, estabelecerá convênios, promoverá intercâmbio científico, instituirá prêmios e desenvolverá outras atividades, sempre de apoio à ciência e preservação da memória científica no Maranhão.
Entre os fundadores da AMC estão os reitores das universidades públicas do Estado, José Augusto Oliveira, da Universidade Estadual do Maranhão, e Natalino Salgado Filho, da Universidade Federal do Maranhão, Othon Bastos, reitor da Universidade Virtual do Maranhão – Univima, professora Terezinha Rego, Sofiane Labidi, presidente da Fapema, e outros respeitados cientistas em atividade no Estado, como Evandro Chagas e Alan Kardec Duailibe, estes entre os de minhas relações mais próximas.
A união das duas Academias – a que vive há um século e a que acaba de nascer – simboliza um ideal presente no pensamento ocidental desde a Antiguidade, de reflexão sobre o sentido da vida e de construção de um conhecimento do mundo seja através da arte e da ciência, como neste caso, seja através da filosofia, do mito e, até, do senso comum, mas sempre com base no uso da razão fundada em princípios éticos, ideal em falta no mundo contemporâneo, mas presente nas duas entidades.
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