La Ravardière na Academia

Jornal O Estado do Maranhão

As festividades do Centenário da Academia Maranhense de Letras têm início na sua sede à rua da Paz, 84, na próxima quinta-feira, dia 6, às 20 horas, com uma palestra sobre La Ravardière, do embaixador Vasco Mariz. Ele acaba de publicar pela editora Topbooks, do Rio de Janeiro, em co-autoria com o escritor francês Lucien Provençal, La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão ), que será autografado após a sua fala. Estaria, só pelo livro, qualificado para falar sobre o assunto, se não o fosse também por outras razões.
Ele, que já representou o Brasil em Israel, na antiga República Democrática da Alemanha, em Chipre e no Peru, tendo servido também em outros postos da carreira diplomática em Portugal, na antiga Iugoslávia, na Argentina, na Itália, nos Estados Unidos e nas Nações Unidas, é reconhecido nos meios intelectuais brasileiros como grande musicólogo, área em que construiu vasta obra, respeitada no Brasil e no exterior, e também como historiador, inclusive da música, pois é de sua autoria o considerado História da Música no Brasil (1ª edição em 1980, sexta em 2005), que recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio José Veríssimo e foi incluído pela Comissão Nacional dos festejos do V Centenário de Descobrimento do Brasil na Biblioteca 500 anos, como são igualmente de sua autoria os livros: Dicionário Biográfico Musical (1ª edição em 1949, a 3ª em 1991); Heitor Villa-Lobos, compositor brasileiro (1ª edição em 1948, 12ª em 2005); A canção brasileira (1ª edição em 1948, 6ª em 2002); A canção popular brasileira (2002) e diversos outros. No campo propriamente da história publicou: Villegagnon e a França Antártica (premiado na Bienal do Livro de 2001); Ensaios históricos (2004); e o já mencionado sobre La Ravardière.
Organizou ainda, entre outros: Quem é quem nas artes e nas letras do Brasil (1965); Antônio Houaiss, uma vida (1995); Maricota, Baianinha e outras mulheres (antologia de contos de Ribeiro Couto, 2001). Contribuiu também com diversos verbetes em dicionários e enciclopédias brasileiras e estrangeiras, como, por exemplo, no New Grove dictionary of music ans musicians (Londres, 1980).
A participação de Vasco Mariz na programação comemorativa do Centenário da AML, acrescentará brilhantismo às festividades, mas não apenas isso. O tema de sua exposição é de interesse permanente dos estudiosos dos assuntos maranhenses, dos historiadores em especial, e certamente servirá ao debate da questão da fundação de São Luís, no que respeita a sua à paternidade, assunto de não pequena relevância em vista da existência de visão divergente com respeito à corrente dominante. Esta afirma a origem francesa de São Luís e a outra, minoritária, a origem portuguesa, desacordo que se dá, pelo menos em parte, em torno do significado de fundação de uma cidade.
A Academia foi fundada apenas quatro anos antes das comemorações do tricentenário de fundação de São Luís. Agora que ela chega a cem anos de vida e São Luís começa a se preparar para seu quarto centenário será oportuna a discussão sobre o assunto, ainda mais se feita, como será, durante as comemorações do Centenário da Casa de Antônio Lobo.
Atenta à importância da palestra para São Luís e o Estado, a Prefeitura de São Luís, por seu prefeito, Tadeu Palácio, deu importante apoio a sua realização, a que se associou a Universidade Federal do Maranhão, por seu reitor, Natalino Salgado Filho, sempre sintonizado com iniciativas de natureza cultural.
Perguntam-me se é necessário apresentação de convites. Não. A Academia os envia apenas a autoridades, benfeitores da Casa e pessoas que com ela têm ligação especial, pela impossibilidade de enviá-los a todos. Todos, porém, são nossos convidados permanentes.

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