Conduta animal
Jornal O Estado do Maranhão
Vejam, caros leitores, como os animais se comportam, de acordo com cientistas de renomados centros de pesquisa.
A revista PLoS One, sigla em inglês de Biblioteca Pública de Ciência 1, revista científica eletrônica, publicou há poucos meses um estudo realizado na Universidade da Pensilvânia com a mosca-da-fruta, nome popular da Drosophila. Os machos da espécie, ou, podemos dizer, os machões, submetidos durante certo tempo à ingestão constante de álcool, tornaram-se mais ativos sexualmente e se danaram a perseguir as fêmeas e, surpresa, outros machos. No início da farra, quando percebiam o engano com respeito ao objeto do desejo, eles recuavam, mesmo desejosos de sexo. Os pesquisadores disseram que a reação – vamos chamá-la de reação etílico-sexual –, se acentua com o aumento da dosagem e idade: quanto maior a quantidade ingerida e mais velhos os machos doidões, mais eles se esquecem das fêmeas e atacam outros machos, conhecidos ou estranhos. Chegam, até, a formar graciosos trenzinhos alados, de alegres componentes machões, e improvisar ousadas e inusitadas manobras aéreas, em rotas completamente imprevistas, nunca chegando, porém, a colidir com as insinuantes fêmeas, que parecem não dar muita bola para o comportamento dos potenciais parceiros no amor.
Os macacos-caranguejeiros machos da Indonésia têm o costume de “pagar” por sexo. Com certeza, não os quatro mil e trezentos dólares que o hoje ex-governador Eliot Spitzer, de Nova York, campeão da moralidade quando procurador-geral daquele Estado americano, desembolsou por três horas de convivência,digamos, íntima com uma bela morena de 22 anos e, tudo indica, de alto valor no mercado, mas de baixa estatura, apenas um metro e sessenta. Não, as transações entre os macacos são feitas em outra moeda. Segundo resultados de pesquisas publicados na conceituada revista New Scientist, as macacas exigem dos machos oito minutos em média de cuidadosa limpeza dos pelos delas, em troca de uma rápida relação sexual, com duração aproximada de um minuto, quando chega a tanto tempo. Quando há muitos machos, o preço pode chegar a dezesseis minutos de limpeza, prova da força da lei da oferta e procura, que não pôde ser revogada nem mesmo pelos companheiros do PT. E nada pode ser apressado, podemos deduzir. O ansioso macaco tem de cumprir a obrigação com calma e carinho, ou a conversa acaba.
A Universidade de Copenhague fez pesquisas, cujas conclusões foram publicados na revista Science. Elas revelaram outra novidade do mundo animal. A regra geral na natureza é formigas comerem lagartas. Não no caso das lagartas da borboleta azul (Maculinea alcon), que são “adotadas” pelas formigas vermelhas, que as levam com muito cuidado para seus ninhos e as tratam como suas próprias crias. Uma vez na casa alheia, as hóspedes comem o tempo todo sem inibição alguma, sendo servidas em padrão cinco estrelas pelas disciplinadas e prestativas operárias do formigueiro. Em retribuição à hospitalidade, se esbaldam na sobremesa, comendo as indefesas larvas das bondosas hospedeiras. O golpe está na química, que proporciona um disfarce às parasitas caras-de-pau. As borboletas põem seus ovos numa planta chamada genciana-dos-pântanos, onde suas lagartas crescem alimentando-se de folhas. Depois de algum tempo, elas descem e ficam no chão até serem encontradas pelas formigas. Estas são, então, enganadas por uma imitação feita pelas lagartas, que consiste em se cobrirem de uma substância química que lhes dá o odor de formigas-bebês órfãs, levando as pobres senhoras formigas a levá-las ao aconchego do lar, sagrado para elas, mas não para as lagartas famintas em luta pela sobrevivência.
Em maus lençóis estaríamos, se adotássemos a conduta desses animais. Ainda bem que somos humanos.
A revista PLoS One, sigla em inglês de Biblioteca Pública de Ciência 1, revista científica eletrônica, publicou há poucos meses um estudo realizado na Universidade da Pensilvânia com a mosca-da-fruta, nome popular da Drosophila. Os machos da espécie, ou, podemos dizer, os machões, submetidos durante certo tempo à ingestão constante de álcool, tornaram-se mais ativos sexualmente e se danaram a perseguir as fêmeas e, surpresa, outros machos. No início da farra, quando percebiam o engano com respeito ao objeto do desejo, eles recuavam, mesmo desejosos de sexo. Os pesquisadores disseram que a reação – vamos chamá-la de reação etílico-sexual –, se acentua com o aumento da dosagem e idade: quanto maior a quantidade ingerida e mais velhos os machos doidões, mais eles se esquecem das fêmeas e atacam outros machos, conhecidos ou estranhos. Chegam, até, a formar graciosos trenzinhos alados, de alegres componentes machões, e improvisar ousadas e inusitadas manobras aéreas, em rotas completamente imprevistas, nunca chegando, porém, a colidir com as insinuantes fêmeas, que parecem não dar muita bola para o comportamento dos potenciais parceiros no amor.
Os macacos-caranguejeiros machos da Indonésia têm o costume de “pagar” por sexo. Com certeza, não os quatro mil e trezentos dólares que o hoje ex-governador Eliot Spitzer, de Nova York, campeão da moralidade quando procurador-geral daquele Estado americano, desembolsou por três horas de convivência,digamos, íntima com uma bela morena de 22 anos e, tudo indica, de alto valor no mercado, mas de baixa estatura, apenas um metro e sessenta. Não, as transações entre os macacos são feitas em outra moeda. Segundo resultados de pesquisas publicados na conceituada revista New Scientist, as macacas exigem dos machos oito minutos em média de cuidadosa limpeza dos pelos delas, em troca de uma rápida relação sexual, com duração aproximada de um minuto, quando chega a tanto tempo. Quando há muitos machos, o preço pode chegar a dezesseis minutos de limpeza, prova da força da lei da oferta e procura, que não pôde ser revogada nem mesmo pelos companheiros do PT. E nada pode ser apressado, podemos deduzir. O ansioso macaco tem de cumprir a obrigação com calma e carinho, ou a conversa acaba.
A Universidade de Copenhague fez pesquisas, cujas conclusões foram publicados na revista Science. Elas revelaram outra novidade do mundo animal. A regra geral na natureza é formigas comerem lagartas. Não no caso das lagartas da borboleta azul (Maculinea alcon), que são “adotadas” pelas formigas vermelhas, que as levam com muito cuidado para seus ninhos e as tratam como suas próprias crias. Uma vez na casa alheia, as hóspedes comem o tempo todo sem inibição alguma, sendo servidas em padrão cinco estrelas pelas disciplinadas e prestativas operárias do formigueiro. Em retribuição à hospitalidade, se esbaldam na sobremesa, comendo as indefesas larvas das bondosas hospedeiras. O golpe está na química, que proporciona um disfarce às parasitas caras-de-pau. As borboletas põem seus ovos numa planta chamada genciana-dos-pântanos, onde suas lagartas crescem alimentando-se de folhas. Depois de algum tempo, elas descem e ficam no chão até serem encontradas pelas formigas. Estas são, então, enganadas por uma imitação feita pelas lagartas, que consiste em se cobrirem de uma substância química que lhes dá o odor de formigas-bebês órfãs, levando as pobres senhoras formigas a levá-las ao aconchego do lar, sagrado para elas, mas não para as lagartas famintas em luta pela sobrevivência.
Em maus lençóis estaríamos, se adotássemos a conduta desses animais. Ainda bem que somos humanos.
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