Davi
Jornal O Estado do Maranhão Bem se poderia chamá-lo de Vida porque Davi a tem em seu nome, como também nos olhos castanhos, brilhantes, sérios e ao mesmo tempo risonhos e alertas. Ele, curioso, observa tudo à esquerda e à direita, olha para cima e para baixo, e sem que se lhe ouça perguntar nada, pedir explicação de coisa alguma, já faz com o olhar todas as perguntas eternas dos humanos. Depois, quando pede algo, esboça um sorriso ou choro – a distância entre um e outro é pequena –, e agita os braços e mãos pequenas, com um gesto rápido e muito dele que o acompanhará ao longo de uma existência longa e feliz. Quando o vi pela primeira vez há quase três meses pensei nas incontáveis gerações que o trouxeram até aqui com o fim de nos iluminar. As vindouras, do mesmo modo, levarão os filhos, netos e bisnetos dele mais adiante, até o apagar dos tempos. Lembrei então, mirando o passado, de meus pais, avós e bisavós, especialmente do meu bisavô português que não conheci, mas quase o sentindo...