A Feira

Jornal O Estado do Maranhão
A Feira. É dessa forma que deveríamos nos referir à Feira de Livros de São Luís, encerrada ontem na Praça Maria Aragão e cujo patrono foi Josué Montello, porque ela o foi de verdade, e das melhores. Foi uma promoção da Prefeitura Municipal de São Luís, contando com vários parceiros locais e nacionais e com o apoio institucional da Academia Maranhense de Letras e de entidades ligadas à produção de livros no Brasil.
Como disse Jomar Moraes, em sua crônica da última quarta-feira aqui n’O Estado do Maranhão, ela não foi a primeira em ordem cronológica, porque outras já houve.Não há de se duvidar, todavia, de sua primazia, quando se consideram a qualidade e a dimensão de que se revestiu e o ambiente de entusiasmo que gerou, refletido nos comentários dos seus freqüentadores. Foram observações feitas por escritores famosos nacionalmente, como Moacyr Scliar, que me revelou sua agradável surpresa com a dimensão nacional e boa organização do encontro, por intelectuais maranhenses, por militantes da área cultural, por livreiros, mas também por freqüentadores anônimos, comuns, mas, nem por isso menos importantes, unânimes em elogios, num exemplo eloqüente de que nem sempre a unanimidade é burra, como não foi desta vez.
Acontecimento como esse não tem por fim a mera venda de livros, embora, evidentemente, a comercialização, ao colocar ao alcance das pessoas publicações que elas não teriam a oportunidade de conhecer sem a Feira, cumpra a importante função de ajudar na formação de novos leitores – especialmente entre os jovens alunos da rede municipal de ensino, que lá estiveram o tempo todo, em todos os horários –, formação fundamental no fortalecimento cultural de qualquer sociedade, e gere, ainda, a comercialização, incremento de renda para os agentes econômicos locais, objetivo econômico de que tanto se fala no discurso porém pouco se promove na prática.
Quem por qualquer contingência não pôde visitá-la, terá idéia aproximada dos outros objetivos e da amplitude das atividades ali desenvolvidas por uma simples listagem: seminários, palestras de escritores maranhenses e nacionais, oficinas, encontros, exposições, lançamentos de livros, atrações dirigidas ao público infantil, espetáculos teatrais, apresentações de grupos da cultura popular maranhense, espetáculos musicais populares, exibição de filmes, vídeos e performances poéticas, bem como diversas atividades que, embora fazendo parte da programação, foram realizadas em diferentes locais, como no Núcleo de Cultura Lingüística, na Praça Gonçalves Dias, e no auditório do Sesc, na avenida Silva Maia.
Foram discutidos temas – dou apenas pequena amostra – como políticas públicas do livro, técnicas de construção naval artesanal do Maranhão, o arquivo como espaço de leitura, a linguagem cinematográfica na escola, o fortalecimento e a democratização dos sistemas de bibliotecas públicas, arte sacra e a imaginária em São Luís, o Plano Nacional do Livro e a Leitura, e dezenas de outros ligados tanto à cultura popular quanto a cultura erudita.
A Feira mostra com perfeição as potencialidades e a riqueza da cultura maranhense e resulta da soma de felizes circunstâncias e do concurso de vontades de bem realizar. O prefeito Tadeu Palácio demonstrou sensibilidade para sua realização. E tanto que a instituiu por lei, tornando ilegal sua interrupção nos próximos anos por seus sucessores. A de 2008 já me parece certa.
Não estaria completa esta breve notícia se não fizesse menção ao presidente da Fundação Municipal de Cultura – Func, Edirson Veloso, por todos apontado como a alma do evento, ao lado de Lúcia Nascimento e Teresa Valois, coordenadoras gerais, competentes planejadoras e eficientes executoras da árdua, contudo recompensadora tarefa de fazer viver a Feira.

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