TV governo

Jornal O Estado do Maranhão

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, acaba de anunciar a intenção suspeita de criar um novo canal de TV, a ser chamado Rede Nacional de TV Pública do Executivo, com a justificativa de esse Poder necessitar de mais exposição na mídia, quando se sabe que ele é notícia o tempo todo, precisando de menos espaço, não de mais. Com uma eventual redução poderia se dedicar mais a trabalhar e menos a preguiçar, embora isso não seja de modo algum garantido: “Fomos observando as dificuldades que o governo tem de mostrar suas idéias [...]”. Quais? As dificuldades não seriam provenientes exatamente da falta de boas idéias e do excesso de ruins, sendo a nova TV uma destas, como o foi a tentativa de “regulamentar” a profissão de jornalista? Diz mais ele. A nova rede seria “menos chapa branca do que a Radiobrás” e poderia, suprema concessão, até, criticar os governantes, “desde que a crítica fosse correta”, sem explicitar seu conceito de correção crítica., opinião grotesca, merecedora do comentário elegante e irônico de Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás, estatal do mesmo ramo em que Costa deseja atuar com o fim de incensar as virtudes governamentais: “A Radiobrás não tem a pretensão de ser um modelo de jornalismo independente. Esse é um processo difícil de construir, e tem sido feito com humildade e sem presunção”, qualidades em falta no ministro. A estatal antiga dispensa a nova. Não seria melhor criarem o Ministério da Propaganda e Crítica Correta e Construtiva? A proposta revela a mentalidade estatizante de setores do governo Lula, em especial dos petistas, embora Costa não seja do PT, o que não o livrou da contaminação pelo vírus dessa doença, o estatismo, companheira inseparável do autoritarismo e da ausência de apreço por valores democráticos, rotulados por essa turma como burgueses, como se fosse possível tal classificação. Mas, desde Stálin com seus doutos decretos sobre a existência da física proletária em que, com certeza, matéria não atrairia matéria, mas dois corpos ocupariam o mesmo lugar no espaço, tudo é possível. A democracia proletária deu com os burros n’água na União Soviética e a bolivariana do golpista Chávez levará a Venezuela ao caos, como se pode antecipar da disparada da inflação, queda de produção, perseguição aos adversários políticos do presidente e intimidação da imprensa “burguesa”. Não é preciso ser vidente para adivinhar aonde vai aquele país infelicitado por seu próprio governo. No entanto, a culpa por tudo será atribuída a especuladores, a sabotadores da CIA, a empresários gananciosos, ao neoliberalismo, ao capitalismo selvagem e a todo tipo de “inimigos do povo”. O ministro da Justiça, Tasso Genro disse há dias que é preciso discutir a “liberdade de circulação de opinião, principalmente da opinião política”, com o fim organizá-la e de “a cidadania mais deslocada do debate político poder exprimir da forma abrangente a sua opinião”. As palavras de Genro não são exemplos de clareza. Parecem a mim forma meio envergonhada de dizer que alguém do governo precisa controlar a mídia brasileira, de forma a dar vez aos chamados excluídos, e expressam o mesmo espírito autoritário das idéias de Costa, sempre de costa para a democracia. E quem disse que a opinião, seja lá o que ele queira dizer com essa palavra, precisa de organização? Feita pelo Estado iria degenerar em controle. O preço da aventura? Segundo seu patrocinador, R$ 250 milhões.De acordo com especialistas, R$ 520 milhões, mais do dobro, apenas em investimentos. Segundo gente experiente nos mistérios do setor público, o triplo da estimativa inicial Os cabides de empregos a serem criados levariam mais um bocado. Tudo com o fim de produzir programas de elogios ao governo, chatos, para audiências pífias.

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