As memórias
Jornal O Estado do Maranhão Há poucas semanas falei da confusão entre realidade e ficção enraizada na política nacional, ao considerar o caso da quebra ilegal de sigilo bancário de um caseiro que acusara o ministro da Fazenda de freqüentar com regularidade certo local suspeito em Brasília. Concluí que o mordomo do ministério era o culpado do crime. No entanto, como a realidade dele era ficcional, achei um culpado alternativo, o porteiro. Sendo este real, onipresente nos prédios públicos de Brasília, tornou-se um tipo ideal, abstrato, ficcional. Se tudo isso parece confuso é porque sempre ocorre essa mistura de realidade com ficção, que provoca imenso fascínio sobre as pessoas. Vejamos algumas idéias de Umberto Eco sobre a memória, que tem muita coisa em comum com a ficção. Ele é especialista em filosofia medieval, professor de semiótica, (a ciência das representações que leva em conta os signos sob todas as sua manifestações), e festejado romancista de O nome da rosa. Em seu livr...