Números falam

Jornal O Estado do Maranhão


Na eleição de domingo passado para chefe do Poder Executivo do Maranhão havia uma cooperativa de três candidatos patrocinados pelo governo estadual e mais outro grupo de quatro, de partidos conhecidos como nanicos, sendo dois destes de cunho ideológico. Esse agrupamento tão heterogêneo – e aqui está a característica lamentável da campanha –, dedicou-se a atacar a candidata Roseana Sarney. Pouca ou nenhuma análise, idéia ou proposta., a não ser as delirantes, equivocadas ou simplesmente erradas.
Apesar dessa conjugação de forças – ou de fraquezas, para dizer melhor, a julgar pelo resultado do primeiro turno – a senadora Roseana Sarney foi vitoriosa no Estado, com 47,21% dos votos válidos, e vitoriosa em quase todos os municípios. Ela está, desse modo, a uma distância de apenas 2,8 pontos percentuais de vencer no segundo turno. Em números absolutos, foram, aproximadamente, um milhão e trezentos mil votos contra novecentos e quarenta mil do segundo colocado, que alcançou 34,36%. Disso resultou diferença a maior de perto de 13 pontos percentuais em favor de Roseana, equivalentes a trezentos e cinqüenta mil votos, pouco abaixo da votação do terceiro.
Esse resultado não deixa dúvida alguma acerca da preferência popular por Roseana, mas foi, contra a lógica e o bom senso, vendido por parte dos oficialistas como vitória deles, porque supõem que os votos do terceiro colocado e dos restantes, de expressão menor, migrarão para o segundo no próximo turno e que Roseana não acrescentará nada a seu desempenho, suposição que expressa tão-só desejos por diversas vezes frustrados em várias ocasiões anteriores.
Vejamos. A estratégia de campanha anunciada desde o início pelo próprio governo era a de apoiar mais de um candidato, no pressuposto de que o cidadão desinteressado de votar em Roseana ou em Jackson Lago, a respeito do qual havia a expectativa de ser, como de fato foi, o de performance menos ruim da antiga oposição, porém distante da senadora, poderia optar por Edson Vidigal, este e o outro, de qualquer forma, com apoio da máquina da administração pública, que agora não é mais malévola, como antes, quando se encontrava fora de alcance. As perguntas a fazer agora, depois de conhecido o resultado, são estas. O eleitor de Vidigal, terceiro colocado, migrará para o segundo? Se o fizer, qual será o tamanho ou a proporção do movimento?
Claro, boa parte do apoio desse candidato foi obtida por meio de favores do poder público a serem distribuídos também no segundo turno. Mas, será zero a rejeição a Jackson Lago, de tal maneira que só uma parcela mínima desse contingente preferirá Roseana na nova situação? O próprio raciocínio oficial supunha exatamente, como disse acima, que esses eleitores não queriam apoiar Jackson. Desconhecer isso agora é desdenhar do discernimento deles. Serão meros robôs sem capacidade de julgamento, sempre a seguir de olhos fechados as ordens dos chefes, mesmo tendo outra preferência? O voto de cabresto ressuscitará?
Suposição aceitável é outra. Uma parcela votará em branco, outra em Roseana e uma terceira no adversário dela, não havendo motivo nem informações a indicarem que a percentagem dos que o escolherão será de tal ordem superior à de Roseana que a impedirá de eleger-se. O inverso é mais provável. Ela precisará conquistar, dos 14,6% de Vidigal, apenas aqueles 2,8 pontos a que me referi e ainda poderá atrair mais alguns eleitores. A preferência dos simpatizantes dos nanicos é imprevisível. Juntos eles somam parcela inexpressiva dos votos válidos.
Por fim, podemos dizer isto. Se, como foi anunciado com euforia na imprensa governista, Roseana foi rejeitada por 52,8% do eleitorado, então, pelo mesmo raciocínio, Jackson o foi por 65,6%, Vidigal por 85,8% e os outros, juntos, por quase 100%.
Vamos ao segundo turno.
 

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