Com meus botões
Jornal O Estado do Maranhão Naquele tempo, entre o fim dos anos cinqüenta e começo dos sessenta, carregávamos, nós, garotos de classe média do Monte Castelo, nos bolsos dos calções, dentro de pequenos sacos de pano macio, cuidadosamente enlaçados por cordões na extremidade superior, pequenas caixas metálicas redondas, antes embalagens das Pastilhas Valda, depois guardiãs dos nossos preciosos times de botão, a protegê-los de olhares cobiçosos. Uso nobre, comparado com o original, de mero depósito de remédio para alívio de uma coceirinha qualquer na garganta. Com o pensamento no conforto dos craques de plástico, forrávamos com flanela, verde ou vermelha, o interior do recipiente, evitando, com esse cuidado, arranhões em suas brilhosas superfícies e a diminuição de seu valor de troca. Aliás, era incomum vendermos os mais valorizados, mas não trocá-los, o que acontecia com alguma freqüência, embora eu mesmo, como com os livros, ficasse indignado com a sugestão de desfazer-me dos meus. Os ...