Brasília, carnaval e futebol
Jornal O Estado do Maranhão Houve um tempo em que todo mundo dizia que São Paulo era o túmulo do samba, como se nascessem sambistas somente no Rio de Janeiro. Sobre o futebol, a conversa ia além-fronteiras. Jogadores habilidosos, bons de bola, só os brasileiros. Os estrangeiros eram uns desajeitados, grossos de cintura dura. Como dizia minha mãe em seus arroubos patrióticos, eles eram selvagens, covardes e viviam dando pontapés nos nossos heróis da bola, modelos perfeitos do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda. Mulher bonita, então, nem falar. A prova da beleza da mulher do nosso país era a garota de Ipanema. As mulheres dos outros – dos outros países, bem entendido – eram magricelas, reles branquelas sem graça e também grossas de cintura, literalmente. Parecia ser crença geral a superioridade genético do nosso povo, por insondáveis mistérios da natureza, justificando o ingênuo ufanismo nacional de então. Hoje todos reconhecem a excelência do samba de São Paulo. Sabe-se, ainda...