Sérgio Barreto
Jornal O Estado do Maranhão Os amigos chegavam aos poucos, a partir das dez horas, buzinavam, abriam eles mesmos o portão e entravam sem pedir licença. Iam direto à cozinha, abriam a geladeira, tiravam uma cerveja, ou uma coca-cola, no congelador desde cedo, e sentavam-se a fim de conversar nos sábados pela manhã, na casa do Ipase. Falávamos de tudo e de nada, de todos e de ninguém. Conversávamos sobre coisas aparentemente triviais. O futebol, por exemplo, especialmente na época de Copa do Mundo, como nestes dias. Isso, acho, trouxe-me à lembrança agora aquelas manhãs em que nossos problemas e angústias do dia-a-dia desapareciam durante algumas horas. Perguntávamos pelas pessoas e por Zico, o cachorro pinsher da casa. Havia sumido de novo? O dono da casa, com um característico senso de humor e com um exagero muito próprio, dizia nunca ter visto tanto choro em toda sua vida como quando chegou a notícia do atropelamento que deixara o animal cego de um olho e capenga. “Quando eu morrer, v...