Noite amiga
Jornal O Estado do Maranhão É de Machado de Assis o famoso verso “mudaria o Natal ou mudei eu?”. É parte do “Soneto de Natal”, que fala de um homem que “naquela noite amiga” relembra seus dias de garoto. Quer, melancólico, reviver com versos as impressões de sua infância feliz. Mas, frente à folha branca, que hoje seria a tela do monitor de vídeo do computador, a inspiração se ausenta, “frouxa e manca”. Só lhe ocorre “o pequeno verso”, que se tornou grande com o correr dos anos. Que a expressão tenham permanecido, a ponto de entrar para o patrimônio particular de nossa bela língua, como um baú de onde todos podemos tirar um quinhão de filosofia popular e de senso comum, é prova da força extraordinária do fundador da Academia Brasileira de Letras. O soneto começa dando a impressão de desejar falar exclusivamente sobre o dilema do homem comum, dilacerado entre o desejo de expressar sentimentos e a incapacidade de fazê-lo. Exatamente como Pestana, do conto “Um Homem Célebre”, do próprio M...