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Mostrando postagens de novembro, 2001

Cimitarra

Jornal O Estado do Maranhão Tomo por empréstimo o título do novo livro de Laura Amélia Damous, Cimitarra , para dar notícia de seu lançamento, amanhã, às 19 horas, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, na Praia Grande. Já quase tardava a nova obra. A última da autora foi dada à luz há oito anos. Somente o saber que essa poetisa sem par na cultura maranhense dá prioridade à qualidade e não, apenas, à quantidade da sua produção poética, tornou possível esperar esses anos todos, ainda que com mal controlada ansiedade e mal disfarçadas cobranças. A espera resultou ser recompensadora. Estão reunidos em Cimitarra poemas inéditos e outros recolhidos por Laura de seus livros anteriores, Brevíssima canção do amor constante , Arco do tempo e Trajes de Luzes . Como eu disse na contracapa “sua poesia é personalíssima. A concisão do verso, a surpresa dos achados poéticos, o rigor simultâneo à espontaneidade, a originalidade, a força expressiva do dizer, tudo confirma a excelente poe...

Copa 2002

Jornal O Estado do Maranhão Pareceu e, de fato, foi um pouco ridículo, para uma potência do futebol como o Brasil, ter comemorado, na quarta feira passada, a classificação para a Copa do Mundo de 2002 como se tivesse vencido, por exemplo, uma Argentina, uma Itália ou uma Alemanha na partida final. Essa reação se explica pelo frustrações de uma inédita campanha de derrotas nos jogos eliminatórios, em disputa com antigos fregueses de caderno. Era inimaginável, até recentemente, irmos para um jogo com medo de perder para a Venezuela, país que tem como seus esportes mais populares o beisebol e o basquetebol, seguidos do futebol na preferência do público. No entanto, o receio esteve presente até o início do jogo. Felizmente, a lógica prevaleceu, o que nem sempre acontece no futebol. O time brasileiro venceu jogando, para valer, somente no primeiro tempo da partida. Afinal, o Brasil, em dezesseis Copas, ganhou quatro, foi vice-campeão em duas, terceiro em duas e quarto em uma, terminando, po...

Um ano

Jornal O Estado do Maranhão Chego, com este, a 52 artigos dominicais aqui em O Estado do Maranhão . Escrevê-los tem sido uma experiência inestimável para mim nesses doze meses. Digo isso porque renovo semanalmente a chance de expor, com o máximo de boa fé, posso assegurar, algumas idéias e de receber a aprovação ou a desaprovação dos leitores. É claro que, em ambos os casos, o proveito maior é meu. Algumas vezes, concordando ou discordando, eles fazem-me perceber algumas nuances daquilo que tentei dizer, mas não disse com nitidez. Sou obrigado, dessa forma, a ter mais cuidado e certificar-me de que estou transmitindo exatamente o pretendido. Chego, assim, a outra vantagem desse exercício semanal. Ele me força a esclarecer melhor as idéias para mim mesmo, arrumá-las melhor, por assim dizer, para poder expô-las de forma mais clara. Ou menos obscura, pelo menos. Independentemente do mérito de minhas opiniões, tal treinamento torna possível, portanto, evitar interpretações equivocadas, mal...

1954

Jornal O Estado do Maranhão A quase eleição de Marta Rocha como miss Universo, a Copa do Mundo da Suíça em que o Brasil perdeu para a Hungria, o suicídio de Getúlio Vargas e a presença de minha mãe na maternidade Benedito Leite, para ter uma menina, depois de cinco meninos em cinco anos, foram acontecimentos memoráveis de minha infância. Todos foram de 1954, quando eu tinha seis anos. Mas, por um desses saltos mortais da memória, que nos leva a reconstruir incessantemente o passado, minha visão deles mudou, até que eu pudesse vê-los todos juntos, como parte de um abrir de olhos para a vida e seus mistérios sem resposta. Mas, por muito tempo, eu os vi distantes uns dos outros, cada um com sua capacidade singular de emocionar. Na época, ou logo após, eu não poderia vê-los com o plácido olhar do adulto de hoje. Como poderia fazê-lo a criança que me contempla agora, com olhos serenos, ali do primeiro plano de uma foto antiga de casamento do tio Saul com Edilde, se mal tinha consciência de...