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Mostrando postagens de fevereiro, 2001

Santa de casa

Jornal O Estado do Maranhão O Carnaval está conosco novamente. Embora de origem portuguesa, de mistura com elementos africanos do samba, que lhe serve de complemento musical e suporte, nada mais brasileiro do que ele, junto com o futebol. Afirma-se, com freqüência, que suas festividades, permitindo a manifestação de desejos e comportamentos reprimidos fora da época carnavalesca, fazem bem à alma. Um tipo de divã psicanalítico coletivo para libertar o inconsciente nacional de seus traumas. Mas ele pode contribuir não apenas para alívio do espírito. O Carnaval maranhense, este ano, poderá ajudar na medicação do corpo, por ele mesmo tão maltratado nos três dias de festas. É que de uns tempos para cá, as Escolas de Samba resolveram homenagear figuras ilustres da vida brasileira, em todos os campos. Poetas, escritores, compositores, atores, artistas plásticos, políticos, cientistas, jogadores de futebol. Aqui em São Luís, seguindo a tendência, a Favela do Samba faz, no desfile oficial das E...

Almas vivas

Jornal O Estado do Maranhão Leio nas folhas, vejo na televisão que, por falta de pagamento, vão despejar os mortos dos cemitérios do Gavião, São Cristóvão, Maracanã, Vila Maranhão, Tibiri, Santa Bárbara, Anjo da Guarda e São Raimundo. “A medida, apesar de funesta, é amparada por leis federais e municipais”, diz O Estado do Maranhão . Deve ter mesmo o tal amparo legal. É um pressuposto do contrato de terceirização da administração dos cemitérios que a prefeitura de São Luís assinou com a empresa Centurion. De qualquer modo, quando se pensava que os mortos estivessem na paz eterna, eis que resolvem perturbá-los. Centurion é a denominação inglesa de centurião, comandante de uma centúria que, como sugerido pelo nome, era uma centena de soldados que formavam uma companhia nas tropas romanas. Haverá aí uma insinuação de que a ameaça de despejo é pra valer, podendo a empresa, se necessário, convocar o poder das armas para fazer cumprir a “funesta” lei? Como se sabe, as irrevogáveis leis da na...

Porta da escola

Jornal O Estado do Maranhão As aulas voltaram. Com elas, chegou, como em todo começo de ano escolar, a esperança na força libertadora da educação, com seu poder intangível, porém enorme, de transformação. Não há exemplos de sociedades que tenham se libertado da miséria e da fome, tão degradantes para o homem, sem educar seu povo. Dizer isso me ocorreu por causa da afirmativa de um amigo, de que a educação de um povo pode ser medida pela forma de conduzir automóveis. Não sei se isso é verdade. Se for, há motivos de preocupação com nossa cidade. Se fôssemos julgar pela postura de alguns ao volante, seria uma terra de gente mal educada. Ironicamente, o amigo chama a atenção para a falta de educação, exibida com orgulho. Onde? Nas portas das escolas, lugar de educação. Pior, ainda, diz ele. O mau exemplo é dado pelos pais dos educandos. Estes, guiados por aqueles, acabarão igualmente mal educados. O que se vê é de lamentar. Na ânsia de apanhar seus amados filhos, depois das intermináve...

Globalização

Jornal O Estado do Maranhão Descobriu-se, finalmente, a causa de todos os males e bens do mundo. A gasolina subiu, o real caiu? Deu terremoto na Índia, maremoto no Japão, tempestade na Austrália? O deputado enfartou, o senador gripou, a saúde piorou? O amor acabou, o marido se mandou, a mulher nem lamentou? A seca arrasa o Nordeste, as enchentes o Sudeste? A fome mata na África, as guerras em todo lugar?  É a globalização. A recessão melhorou, a economia cresceu, o emprego aumentou? A inflação encolheu, o preço agora tá certo, deu pra comprar a TV? Fez muito sol no domingo, o futebol foi legal, deu pra jogar no bingo? É a globalização. Fenômeno já bastante antigo, ela parece responsável por tudo no mundo de hoje. No Fórum Econômico Mundial realizado na semana passada em Davos, na Suíça, reuniram-se homens sérios e solenes. Eram chefes de Estado, economistas famosos, financistas, empresários, gente de peso econômico, para longas discussões sobre o futuro da economia mundial. Foi lá ...