A ponte e a ponta
Jornal O Estado do Maranhão Atravessar a ponte de São Francisco é passar de uma cidade a outra. O nome é o mesmo, São Luís, mas não a cidade. Uma, a velha, foi fundada pelos franceses, a outra, a nova, não foi fundada, brotou. Ir da Beiramar para o São Francisco, pela ponte, não é ir. Para mim, é voltar a outro tempo. O pequeno barco nos levava aos domingos para a Ponta da Areia, logo depois do São Francisco: meu pai, Carlos Moreira, minha mãe, Maria, eu e meus irmãos de suspensórios e calças curtas, cabelos repartidos ao meio, o compadre Queiroz, admirado pelos presentes caros que dava freqüentemente ao invejado afilhado Cursino. Quantas vezes fizemos essa travessia? Uma ou dezenas? O carro de praça (é assim que se chamava o táxi) tinha que ser contratado dias antes do passeio com os motoristas conceituados que todo mundo conhecia na cidade: Dadeco, Astrolábio, Pindobuçu. Desses, eu nunca me esqueci. Se meu pai chamava outros, não os pude conservar na memória. Dadeco, num carro ...